SATÉLITES – TV DEXISMO – RÁDIOS

Hoje em dia, os satélites estão se tornando uma ferramenta indispensável a nossa vida diária. Desde a TV a cabo, Internet, transmissões de dados e agora, a “recepção de rádio”. É uma nova era nas comunicações.

Esta era começou com o primeiro satélite SPUTNIK lançado pelos russos em 4 de outubro de 1957.

De lá para cá muita coisa mudou e nossa aldeia global ficou mais integrada. Como é sabido, os satélites estão situados na linha do Equador a 36.000 km de distância da Terra. É nesta órbita que o satélite está na mesma velocidade da terra (rotação), ou seja, parado em relação à mesma.

Hoje em dia encontramos milhares de satélites no espaço situados no “Cinturão de Clarke”, assim denominado (linha do equador) a posição fixa de cada um e tem a finalidade de retransmitir sinais os mais diversos, desde TV, rádio, etc.

Faixas ou Bandas

As faixas de frequência de transmissão dos satélites se dividem em diversos segmentos, como se fosse um seletor de faixas no receptor de rádio. As mais utilizadas para o serviço doméstico de TV e rádio, é a Banda “C” e “Ku”, onde a banda “Ku” leva a vantagem de se utilizar antenas menores, ao contrário da Banda “C”.

Abaixo, as faixas e frequências utilizadas pelos satélites:

 

 

Hoje encontramos diversos sistemas de transmissão de cores e sinais, codificados ou não. Muitos satélites transmitem os sinais chamados FTA (Free to Air), e são centenas deles, isto tudo em transmissão digital de TV de todas as partes do mundo, onde se pode captar de tudo. Desde os “Feeds” (sinais de serviço-link), até assistir aos lançamentos da NASA com seus acoplamentos das naves com a Estação Espacial e de seu retorno, dos astronautas a Terra.

Estas transmissões abertas de todos os continentes possibilitam saber os hábitos dos vários povos, tudo direto, em tempo real e sem a necessidade de uma TV a cabo por assinatura.

Muito utilizo em minhas escutas de rádio, a monitoração de diversas TV’s no mundo (6 continentes) pois pela sintonia destes países, sei de antemão as condições meteorológicas de cada região. Se estiver chovendo, nevando, temperaturas diversas, etc., fazendo um planejamento de propagação possível para outra área.

Atualmente tenho 40 antenas parabólicas apontadas para o céu e para o horizonte. Capto centenas de TV’s e rádios. Interessante é ter uma antena motorizada para “caçar” satélites novos, ainda não relacionados na Internet.

Em fevereiro deste ano – 2010, consegui captar o satélite NSS 5 em 5ºE “estacionado” em cima da África e, meia hora após o primeiro teste, mandei e-mail para a operadora e ficaram surpresos e agradecidos pela descrição do meu relatório. Hoje, este satélite migrou para 20ºW, no Oceano Atlântico com transmissões regulares em bandas “C” e “Ku”.

 

Cinturão de Clarke – (Posição dos satélites no espaço)

No Brasil temos visado para o Cinturão de Clarke de 21ºE até 130ºW. Para eu poder colocar a antena no final do horizonte no chão, tive que encurtar o braço de inclinação, fazendo com que a antena ficasse na posição de “Micro ondas”, apontada para o horizonte. Captei em 10ºE o satélite Eutelsat W2A, até então não figurava nas relações de satélites. Este transmitia um pacote de canais franceses e canais do Norte da África. Estas transmissões foram na Banda “C”, que fica mais vulnerável às condições meteorológicas; chuvas, granizo, nuvens carregadas, etc., pois o sinal do satélite vem do horizonte e o trajeto é mais longo, diferente do apontamento da antena para cima (céu).

 

 

Cinturão de Clarke

Internet – Na Internet encontramos diversos sites, com a relação de todos os satélites em órbita no mundo, com polaridade, freqüência (Transponder), áudio, etc.

www.lyngsat.com
www.brasilsatdigital.com

No Brasil, os satélites transmitem em duas “faixas de onda”, a banda C de 3.600 a 4.800 Mhz e a banda Ku de 10.660 a 12.800 Mhz.

Esta nova prática de “hobby” é extremamente educativa, por permitir “Olhar o Mundo” e acompanhar seus acontecimentos. Também nos possibilita a exercitar e descobrir melhores técnicas de apontamentos das antenas.

Os LNB’s (parte central da parabólica) são fabricados com diversas polaridades: linear, circular, etc., desta forma é possível captar transmissões do Egito, Pentágono (polaridade circular). No Brasil é usada a polaridade linear.

Hoje encontramos LNB’s chamados turbinados, ou seja, é colocado um tubo de alumínio de 20 a 40cm para dar mais poder de captação. Mais sinais, maior a sensibilidade.
Lembro-me nos anos 80, onde eu fazia experiências com latas de cerveja e de conservas, onde tirava seu fundo e a parte de cima, e colocava na entrada do LNB para aumentar sua sensibilidade, sem contar a infinidade de “Funil” que desapareceu da cozinha, onde cortava sua ponta e colocava na entrada do LNB.

Hoje encontramos LNB’s bastante sensíveis (fator K). Antigamente os LNB’s – amplificador de baixo ruído – tinham um “K” (temperatura de ruído) muito alto, em torno de 120 K. Quanto mais baixo for este valor, mais sensível é o LNB. Atualmente encontramos bons LNB’s no mercado, com ruído de temperatura em torno de 12º K, muito sensível.

Receptores – Os primeiros receptores digitais foram lançados pela Century, modelos DSR 2700, depois o DSR 2800. Atualmente encontramos uma infinidade de marcas, cada qual com um sistema diferente, ficando a critério de escolha do usuário.

Encontramos no mercado uma novidade de equipamento, os chamados “busca-cega”. Ele faz a procura automática, não mais precisando digitar as frequências dos transponders. Depois de apontado para o satélite, ele faz a busca e armazena todos os dados encontrados em sua memória (canais de TV, rádio, links, feeds, etc).

Este tipo de receptor é muito bom para o entusiasta em “TV DX Satélite” pois vai “caçar” e encontrar muitas transmissões interessante e digital, que não estão relacionadas em nenhum boletim.

Eu, quando na Copa do Mundo na África do Sul, recebia as transmissões pelo satélite Intelsat 1002 em 1ºW, o link com o Brasil do Terra. Era divertido, pois ficava sempre no ar transmitindo tudo.

Antenas – Como no sistema de rádio, uma boa instalação começa pela antena. Vários detalhes devem ser observados: tamanho, tipo de malha (tela – fina – grossa), fechada ou não.

A antena fechada é aquela toda de metal, onde encontramos de diversos tamanhos: 60 cm, 90 cm, 1m50, etc., e é utilizada para a banda Ku. Para o sistema de recepção para a banda “C”, é utilizada a antena de tela que variam de 1m80 a 10m. Quanto maior for a antena, maior é o seu poder de captação, pois fica mais sensível pela quantidade de sinais que vem do satélite. Eu me acostumei a tirar a tela e aos poucos, vou colocando chapas de alumínio no lugar das telas, onde seu ganho aumenta incrivelmente. O único inconveniente é que dão uma resistência muito grande em temporais.

Tenho uma antena rastreável e sintonizo o satélite Intelsat 1002 1ºW, onde tem um pacote de televisão do Egito (10 canais) inclusive, a famosa Rádio Sasebo e a TV Pentágono direcionada para o Pacífico. Neste satélite, encontramos uma transmissão da TV do Senegal – RTS e um canal de serviço desta emissora para eventos públicos (visitas presidenciais, inaugurações, etc.). Estas frequências não estão em boletins porque o sinal é muito fraco para a sua captação no Brasil. Para eu conseguir captar estes sinais do Senegal (África) fui tirando as telas e colocando chapas de alumínio de 2 a 3 mm com rebites. Fui acompanhando o crescimento do sinal. Quanto mais telas eu tirava e colocando as chapas de alumínio em seu lugar, maior ficou a sensibilidade. A diferença ficou da noite para o dia. Hoje é apenas mais uma transmissão comum para mim.

 

 

Parabólicas – lugar

A visibilidade de uma antena parabólica para receber os sinais do satélite que estão em órbita geoestacionária, varia em função do endereço de cada um, ou seja, sua latitude. O ângulo de visibilidade para o espaço fica em mais ou menos 160º. Como tenho 40 antenas parabólicas apontadas para cada satélite – C e Ku – relaciono todas na tabela abaixo:

 

Nascente – Norte – Poente

Vou fazer um comentário sobre três satélites para conhecermos suas técnicas de comportamento:

10º E – Eutelsat W2A; 58º Intelsat 9 e 116.8º Satmex 5.

10º E – Eutelsat W2A – É nesta posição que encontramos o primeiro satélite. A antena parabólica nesta direção ficará praticamente apontada para o Leste (nascer do Sol), com os sinais do satélite na posição do horizonte e vulneráveis às condições e modificações do tempo. Neste satélite encontramos vários canais franceses dirigidos para os países do Norte da África. Alguns canais codificados e outros abertos.

58º – Intelsat 9 – Este satélite está bem ao nosso Norte Geográfico. Sua banda “C” é repleta de transmissões de TV e Feeds, onde encontramos televisões da China, Itália, países árabes, diversas rádios da Europa e Ásia. É um satélite que praticamente não sofre nenhuma interferência atmosférica, pois está apontado para cima e a distância está menor em relação a sua antena, diferente dos demais satélites que vão aumentando sua distância em relação a sua posição no Cinturão de Clarke. Quanto mais inclinadas as parabólicas para a direita ou esquerda, começa a aumentar sua distância.

116.8º – Satmex 5 – Esta seria a posição do último satélite visível no Brasil, porém apontado para o Oeste (Pôr do Sol), com os sinais também na posição horizontal e vulnerável às condições do tempo. É o mesmo comportamento do satélite em 10º E.

Este satélite é muito rico em canais de TV e rádios, pois se encontram mais de 50 canais de TV-FTA (Free To Air), do México, USA, América Central, etc., mas sua sintonia é bastante crítica. A antena parabólica não pode oscilar muito com os ventos, pois começará a “congelar” a imagem. Eu, para resolver este problema, após a antena estar direcionada, soldei um cano de ferro galvanizado de 2m de comprimento no cano que suporta a parabólica, ficando um “T” e dali, com pedaços de cano de alumínio, fui rebitando da antena para o cano galvanizado. Quando há ventos, ela não oscila mais e fica firme desde seu centro até aos extremos. Solução caseira.

Para os que desejam ingressar no mundo dos satélites – TV Dexismo, procurar e achar frequências de cada satélite, achar as coordenadas de sua casa com o satélite para apontamento e elevação da antena, recomendo o site abaixo, onde irão encontrar uma infinidade de informações.

www.brasilsatdigital.com.br

Para aqueles que tem pouco espaço, podem optar pela banda Ku (antenas menores) e recomendo o site: www.bandaKu.com.br, irão encontrar assuntos variados e didáticos.

Rádios no Satélite – Hoje estas transmissões se tornaram comuns via satélite. Quando o receptor capta as frequências de TV, juntamente vem uma quantidade de rádios. A Rádio Portugal está no Galaxi 89ºW, DW no Pas 9 58º W, e uma infinidade de rádios de transmissão apenas doméstica (local), sendo ouvidas pelos satélites: FM do Uruguai, Argentina, Brasil, etc. Ao contrário do que pensávamos sobre as Emissoras Internacionais, que só elas iriam migrar para o satélite, deixando as ondas curtas, o satélite nos deixou conhecer esta quantidade enorme de rádios que não seria possível captar pelo dial.

Finalizo dizendo que vale a pena “espiar e corujar” o espaço, pois com os satélites o mundo encolheu e se transformou numa aldeia. Você irá encontrar coisas fantásticas.

Qualquer esclarecimento ou dúvida, meu e-mail: py3cej@terra.com.br

Abraços a todos.

ALENCAR ALDO FOSSÁ
PY3CEJ

py3cej@terra.com.br