Construção de Torres

Este é um tema muito importante em todo o sistema de radiocomunicação e para nós radioamadores, é de fundamental importância pois iremos colocar nossas antenas e temos que confiar na estrutura que construímos para ficar com muita segurança.

Um teste que sempre fiz com os receptores foi o de tirar a antena do receptor e aumentar o volume do áudio. Receptores a válvulas Drake, Collins, etc., nunca apresentaram barulhos ou chiados. Hoje em dia temos muitos receptores modernos, mas que também produzem um barulho no áudio. Isto é produzido pelo próprio receptor. Dígitos da frequência, processadores, etc. Se você operar em frequências altas, passará desapercebido. Porém, se usar em faixas baixas 160 e 80 metros, aquele DX que chega ao rádio, será anulado pelos ruídos produzidos pelo rádio.

Por isto é interessante termos uma torre bem alta, para podermos colocar várias antenas: Direcional, dipolos, etc. A altura da antena por incrível que pareça, diminui ou deixa a antena sem ROE. Muito operei com os Collins KWM-2A com dipolos a 40 metros de altura, e não tinha ROE.

Um receptor que me chamou a atenção foi o ICOM R-9000 e o transceptor 781 (eles têm a mesma recepção) é que o ruído de fundo do sintetizador é tão baixo que se percebe como o silencio de algumas frequências realmente são.

Boas antenas de transmissão são também boas antenas para recepção. Devemos colocar o mais alto possível para termos a relação sinal-ruído mais alto possível, fazendo com que o receptor tenha sinal mais forte que o ruído atmosférico.

Sou radioamador a 55 anos e desde o início muito me atraía as frequências baixas. Apesar de ter que usar antenas muito altas e compridas, paralelas à terra como as LW e Beverage. Nunca tive interesse nas frequências altas, onde a construção das suas antenas é pequena, em poucos metros de comprimento dependendo da frequência a utilizar. Confesso que só operei frequências altas quando ainda estava na minha estação na Aeronáutica (FAB) e era responsável pelo setor “Rádio” muito utilizada nos anos 70. Ali era o meu trabalho e era fácil as comunicações para todo o Brasil.

Quando voltava para casa à noite, ia fazer escutas em baixas frequências 160 metros, ondas médias, Rádio faróis, etc. Ali tinha que ter antenas compridas e altas.

Mas, voltando ao assunto TORRE, quero enfatizar e chamar a atenção de alguns itens importantes: Base da Torre, Âncoras, Estais (cabos).

Aqui onde moro em Glorinha/RS, vi duas torres profissionais caírem. Sendo que uma delas próxima a minha casa, de 80 metros de altura, um ano antes fui lá alertar o pessoal responsável (Concepa), que era responsável pela Rodovia Freeway BR-290, que a mesma estava fragilizada pela maneira que montaram os estais. Não deram importância e menos de um ano caiu totalmente para o chão, não se aproveitando nada. Virou lixo. O que aconteceu ali foi um erro de montagem dos estais. O ideal nas montagens de torres com estais para seu suporte, é que cada cabo de aço galvanizado seja colocado ao esticador individual e amarrado à âncora (concreto para fixar os estais). No caso da torre que caiu, inovaram. Vieram com 4 cabos de aço espaçados pela torre e antes da âncora uniram a um triangulo de ferro e deste, saiu somente um cabo de aço até a âncora. Ou seja; A força e pressão desenvolvida pela torre eram distribuídas pelos 4 cabos, porém, quando foi colocado na âncora, só um cabo foi colocado. Desceu com 4 cabos e terminou com um cabo somente, para a sua amarração. Aconteceu. A força exercida pela torre e distribuída pelos 4 cabos, foi passada toda ela para um cabo e não aguentou. “Morte anunciada”.

Tenho feito muitas torres, principalmente as estaiadas. Muitos colegas tem me visitado e querem ver minha montagem. Afinal, tenho torres estaiadas dentro de água e nunca tive problemas. Mas é uma engenharia bem mais difícil e de muitos custos.

Vou me deter a falar do meu último projeto, que é uma torre de 60 metros de altura.

Me lembro dos livros da faculdade e de vários autores espanhóis e argentinos, lá pelos anos 70, onde principalmente na Argentina que está mais próxima da Antártida, os autores faziam cálculos para ventos de 100 Km/h. De lá para cá, notei o aumento dos ventos e hoje já temos rajadas de 150 Km/h.

Vou descrever a montagem prática com fotos e comentários da minha torre de 60 metros que iniciei em maio de 2022. Ela está projetada para suportar até 250 Km/h. Não é brincadeira. Loucura!

O primeiro passo é fazer a torre de ferro maciço e redondo (3/4) e suas varetas internas do “zigue-zague” ferro redondo de (5/8). Chamo atenção que a torre com ferro redondo tem menos resistência ao vento, pois “passa” pelo ferro. Ao contrário das torres de cantoneira, estas oferecem mais resistência ao vento, pois a dobra de 90º “segura” o vento em toda a estrutura da torre.

Estais – Eu utilizo cabos de aço galvanizado HS 5/16 ou 3/8 (estes bastante grossos). Devemos sempre colocar uma margem de resistência do cabo para 3 ou 4 vezes a mais para sua segurança. Afinal, estamos quase ficando como o Caribe, com ventos de 200 Km/h e devemos calcular 3 vezes mais para não haver a queda da torre.

Suporte da Torre – Por minhas observações de várias torres de Rádio Broadcasting pelo interior, me chamou a atenção pela fragilidade que são construídas.

As torres são colocadas no chão, em uma pequena sapata de cimento, e os estais estão amarrados em “âncoras” no chão de concretos de 40 cm x 40 cm com ½ metro de profundidade. Isto no inverno é um perigo, pois o terreno úmido faz com que a âncora se mova e pode sair da terra. Sem contar com os animais que ali ficam transitando no campo, e podem se enrolar com os estais, pois estão baixos e facilitam um rompimento dos mesmos, colocando a torre sempre em risco.

Eu, nas minhas construções de torres, faço diferente, pois tenho que aproveitar toda a área sem ser “perturbado” pelos estais (cabos) e deixar todo o campo livre para colocar animais a sua volta, sem perigo algum.

Eu coloco então um cano de cimento de 1,20m de largura por 1 metro de altura (utilizados pelas Prefeituras para o escoamento da água nas ruas). Dentro deste cano, coloco armação de ferro com os parafusos de espera para fixar a torre. Tudo concretado com várias pedras de alicerces mergulhadas no concreto. Seu peso fica mais ou menos em 1.500 Kg. A torre nunca vai mexer na parte de baixo. Como o cano de cimento tem um metro de altura, os animais não conseguem danificar a torre.

Âncoras – Eu chamo de âncora, porque é onde fica amarrado os cabos da torre a terra. Eu faço de uma maneira prática e utilizável, sem prejuízo de acidentes por pessoas ou animais.

Minhas âncoras são feitas em buracos de 1,50m de profundidade no formato de um quadrado nas mesmas larguras, 1,50m x 1,50m x 1,50m. No centro do buraco depois de cavado, é feito outro buraco de 1,30m de profundidade e com circunferência de 40 cm de largura.

Ali eu coloco um trilho de trem de 6 m, ou seja, 1,30m no fundo do buraco e 1,50m fica no segundo buraco, onde coloco concreto e atiro cerca de 100 pedras de alicerce medindo 40cm x 20cm x 20cm, pesando cada uma em média 40 Kg. Eu fico então com 2,80m de trilho concretado. Para fora, estou ainda com 3,20m de trilho. Faço uma sapata de concreto de meio metro de altura e depois coloco outro cano de cimento de 50cm de largura e 1m de altura onde o trilho fica dentro do mesmo e faço também concreto neste cano com o trilho. Fico agora com 4,30m de trilho concretado. Me sobram livre 1,70m de trilho para cima para eu amarrar os estais da torre. Isto faz com que ficam os estais altos, deixando livre a área em volta dos trilhos. O peso desta âncora fica em torno de 5 toneladas (trilho, pedras, canos, concreto) cada uma. (São 3 e formação de triângulo). Vou deixar várias fotos para melhor entender.

Uma das âncoras foi feita junto as águas de um açude próximo. Tive que aumentar o peso do pilar. Usei 150 pedras de alicerce, mergulhadas no concreto, pois o peso me dá a segurança e estabilidade da torre. Nunca vai mexer e alterar os estais, mesmo dentro do terreno úmido.

Anel (extra) – O terreno que estou montando a torre é um pouco em declive e no dia 21 de outubro de 2022, uma forte enxurrada de chuva de 3 horas, provocou um início de erosão em volta do tubo da base da antena. Fiquei obrigado a fazer um anel de concreto em volta da base da torre com 3 metros de largura. Isto resolveu o problema.

Anexo várias fotos para melhor exemplificar.

No momento, estou na fase de pinturas dos módulos da torre (20), com 3 metros cada um, de comprimento.

Aos poucos estou colocando os módulos e parafusando. Uma tarefa demorada e calculada.

Quando terminar a montagem da torre, vou me dedicar ao pára-raios e aterramento da mesma. Temas por demais importante. Será feita uma matéria e publicarei aqui no meu site.

Abaixo deixo várias fotos para mostrar o que narrei no texto.

Estou à disposição para qualquer dúvida e esclarecimentos.

Abraços a todos.

                                                                                                     Alencar Aldo Fossá