Neste final de julho de 2020, vou falar um pouco desta faixa a qual comecei a explorar há dois anos. VLF (Very Low Frequency) = Frequência muito baixa. É uma faixa que vai de 3 a 30 Khz e seu comprimento da onda vai de 10 Km a 100 Km de comprimento.

O comportamento desta faixa VLF é pouco conhecida pelos radioamadores e radioescutas, por termos poucos equipamentos para estas frequências. Quando nos anos 90 consegui captar as estações de rádio em Ondas Longas (LF = Low Frequency), fiquei muito fascinado por estas frequências baixas. Sempre consegui receptores com a captação de 100 Khz para cima, mas para baixo dos 100 Khz era muito difícil. Até que em 2018 consegui o receptor Rhode & Schwarz EK 896, com a gama de recepção de 10 Khz até 30 Mhz. Fantástico!

Ali estava decretado meu novo desafio: explorar, explorar e aprender nesta faixa da VLF, seus segredos.

Ao contrário do que muita gente comenta e escreve, eu gosto mais desta faixa VLF de dia. À noite tem mais ruído.

O que eu posso dizer sobre o comportamento das ondas de VLF, é que a propagação fica entre a ionosfera e a superfície da terra, e que o sinal da onda de VLF é impedida de escapar para o espaço, ficando como num duto chegando a distâncias superiores a 10 mil quilômetros dos transmissores. Tenho feito escutas com antenas de fios muito longos, chegando a 500 metros de comprimento, deixando de lado antenas mini, etc. Quanto maior a onda de rádio, mais fios temos que acrescentar para termos sucesso na escuta. Os sinais de VLF são consistentes e estáveis, mesmo a grandes distâncias (dia e noite).

Li muito de vários autores que estas ondas de VLF podem penetrar na água salgada até uma profundidade de algumas dezenas de metros, por isso são usados por militares para a comunicação com submarinos.

Tenho captado vários sinais em VLF, entre 17 Khz e 25 Khz, de diversas partes do mundo.

Vou dar atenção para aqueles “Sinais Standard” muito apreciado pelos SWL, pois ali poderá testar o seu sistema de recepção (rádio, antena, etc.) e ver se está com bom desempenho. Procurar captar as emissões mais baixas, isto é: 25 Mhz, 20 Mhz, 15 Mhz, 10 Mhz, 5 Mhz, 2.5 Mhz, até chegar a 60 Khz, 40 Khz, …

Depois que consegui dominar o Manual do EK 896 (verdadeiro curso), comecei minhas aventuras. Primeiramente fiz um levantamento das frequências de transmissão “Standard Time”, e me concentrei diariamente na tentativa de sua captação.

No dia 27 de junho de 2020 às 21:00 PY captei a JJY em 40 Khz com sinais bem audíveis. Fiquei muito contente e até emocionado. Afinal, era um sonho que sempre tive e era a realização. Era uma escuta do outro lado do Mundo, o Japão. Em VLF!

Tentei mandar meu reporte de escuta, mas os Correios não estão aceitando correspondências por causa do Covid-19. Vai demorar um pouco a publicação do meu cartão QSL de escuta, mas prometo colocar nesta matéria, quando do recebimento.

Naturalmente que fiz gravação para seu registro e repassei a vários SWL para mostrar minha alegria.

No dia 28 de junho de 2020, foi a vez da WWVB em 60 Khz às 20:30 PY. Que emoção! Tenho captado as emissoras da WWV em todas as frequências, me faltava 60 Khz. Perdi a de 20 Khz WWVL por não estar mais em atividade. Desativada em 1972.

Fico devendo o cartão QSL. Quando receber coloco no final desta matéria.

No início do mês de julho, a estação de rádio SAQ da Suécia, a estação mais antiga do mundo iria fazer uma transmissão especial em 17.2 Khz. Logo pensei! Porque não tentar sua escuta.

Agora estou com receptor e tenho que tentar. Além da minha vertical dentro d’água que uso em 160 metros, teria que aumentar algumas dezenas de metros as minhas “Long Wire” (Fio longo). Foi o que fiz!