Trabalhar nos 160 metros de dia parece impossível e fazer DX com outros continentes fica mais parecido como história de pescador.

Tenho trabalhado há quase 50 anos nos 160 metros e, aprendi muito, observando seu comportamento principalmente, no SR (Sunrise = Amanhecer) e SS (Sunset = Pôr do Sol).

Sou de uma geração de radioescutas (SWL) privilegiados dos anos 60 para cá. Foi a melhor época de escutas, desafios e conquistas. Tanto no conhecimento prático como no teórico.

Eu gostava nos anos 60, 70, 80 caçar estações em OM (Ondas médias). Muito aprendi. Escutava muito Broadcasting dos USA, Américas, África, etc. Anotava tudo: horários, estações do ano, fases da lua, etc. Então, 160 metros é um prolongamento das ondas médias, até porque hoje em dia, já temos o seu prolongamento aumentado para até 1700KHZ.

Trabalhei vários anos e todas as noites em 160 metros, observando tudo e agora, posso fazer comparações e possibilidades do DX em determinado dia do ano.

Tenho milhares de QSOs em CW e SSB. Confesso que gosto de operar mais em SSB, pois é mais fácil despertar ao outro operador, tentar me contestar de qualquer maneira. (Com antenas de 40m, 80m, até com direcionais de faixa alta). Para isso, fui obrigado a fazer antenas cada vez mais altas e sensíveis. Hoje opero com antena dipolo/vertical (39m de altura e 39m para baixo. Única no Mundo).  Tenho também, outra torre de 60 metros de altura com dipolos para ajudar na recepção e direção. Como nunca se está contente com a recepção, já comecei a construção do aumento da torre de 60 metros para 102 metros de altura, onde poderei desfrutar de mais conhecimentos e acredito, de boas escutas. Eu nunca acreditei no rendimento de antenas encurtadas, bobinadas, etc. Faixa baixa para ter um bom rendimento tem que ter a antena de comprimento físico exato (sem encurtamento), pois a onda de rádio precisa ressonar o seu comprimento livremente no fio da antena em toda a sua extensão.

Eu operei dezenas de anos no SS e SR nas faixas de 40 e 80 metros e fazia QSOs incríveis com o Japão em SSB, ainda pelas 09:00 PY, conseguia ouvir. Isto é de dia. Possuo o Diploma único em SSB do WAJA em 80 e 40 metros, onde trabalhei as 47 Prefeituras (Estados) do Japão.

Passei este conhecimento para a faixa dos 160 metros e comecei o meu “CQ DX” uma hora antes do anoitecer. Não tardou para aparecer muitos PYs para me debocharem e tentar ridicularizar minha atitude, pois estava chamando “CQ DX de dia”. Fui alvo de gracinhas, etc.

Isto me fez retrair e não procurei trocar experiências com ninguém, ao contrário da época de SWL, onde nas reuniões trocávamos as experiências alcançadas, conquistas, etc.

Em outra oportunidade fui até a Labre/RS buscar meus QSL’s e fiz comentários sobre os melhores dias para o DX nas fases da Lua e foi uma gargalhada geral dos colegas presentes e, fiquei no ridículo. Vi naquele instante os reais apertadores de botão do Microfone, somente.

Continuei a fazer DX a minha maneira, principalmente com o Continente Africano à tardinha (de dia) antes do Sunset. Como começaram a vir os cartões QSL, coloquei no meu Site. Novamente, despertou a fúria de algumas estações  amáveis de PY2. Chegavam ao cúmulo de ironizar dizendo em seus e-mails, para mim:

“….ME EXPLICA OS QSOs DE DIA NOS 160 METROS.”

Recentemente, recebi de um colega PP5, cópia de um e-mail em que o mesmo tinha recebido de um radioamador brasileiro, que mora na Flórida-USA, e gosta de falar sobre 160 metros. Transcrevo abaixo a parte dirigida a mim:

“….PORQUE RECEBO TANTA RECLAMAÇÃO DE COLEGAS BRASILEIROS MOSTRANDO QSOs DURANTE O DIA EM 160 METROS, TECNICAMENTE IMPOSSÍVEIS. NO ENTANTO O CLUBLOG É A FERRAMENTA DO MOMENTO E QUANDO O PESSOAL ME PASSA INFORMAÇÃO DOS QSOs QUE ESTÃO LÁ REGISTRADOS, FICA DIFÍCIL DE EXPLICAR COMO 160 METROS CHEGA BEM AÍ NO MEIO DA TARDE, MUITO ANTES QUE ISSO EM PY3. SÃO MUITOS OS CASOS ASSIM.”

O que dizer sobre este conteúdo? Nada! Apenas lamentar a cabeça pequena deste brasileiro na Flórida. Não soma nada para a comunidade radioamadorística mundial. É patético!

Quando se é pioneiro nos 160 metros como foi meu caso no Brasil, vira-se um alvo fácil para aqueles à busca de fama, tentando de todas as formas denegrirem a imagem dos outros. Que pena!

Com mais este ingrediente, vou prosseguir no tema que é operar 160 metros de dia.

Fiquei preocupado com tanta difamação ao longo de muitos anos de trabalho nos 160 metros. Mas como eu poderia reverter estes pensamentos e mudar os conceitos de dentro destas cabeças pequenas e medíocres!

Foi quando tive a idéia de colocar em meu site uma WEBTV, para mostrar a todos minha recepção. Como tenho o Receiver da ICOM R-9000, com saída de som e vídeo (Tela de spectrum, freqüência, etc.) criei esta novidade. Eu faço escuta e DX nos 160 metros, e coloco ao vivo no meu site o som e vídeo do rádio.

Como o Delay (atraso) na Internet era de até 5 segundos, optei por uma Internet via satélite, onde o Delay ficou em 1 segundo mostrando o “Real Time”. Ao vivo!

Coloquei várias operações de DX-Expedição ao vivo na minha Web TV Alencar para mostrar minha recepção dos 160 metros. Cito algumas: 7P8AA, TL8TT, TY1AA, 5U5R, D66D, VP8STI, VP8SGI, TZ4AM….

No dia 27 de abril até o dia 04 de maio de 2017, a DX-Expedição em Bostwana na África (A25UK) operava nos 160 metros (1822.0KHZ) e eu coloquei todos os dias/noite na minha WebTV.

Para mostrar e divulgar como eu estava escutando nos 160 metros de dia, coloquei na minha WebTV o sinal e imagem da freqüência do meu rádio, a partir das 16:30h de Brasília (19:30Z). Não deu outra!

Começava a escutar com RST 449…..559…..599…..e mais a noite 599+30db. Coloquei estas informações no Cluster dos 160 metros, todos os dias:

PY3CEJ     1822.0 KHZ     19:48Z      A25UK     559     Daylight   Sun High
PY3CEJ     1822.0 KHZ     19:49Z      A25UK     Live     www.py3cej.com.br  
PY3CEJ     1822.0 KHZ     19:49Z      A25UK     599      Real Time   Delay   1 sec.

Recebi dezenas de elogios de todo o mundo pela recepção e pela informação clara e didática da escuta durante o dia, ou seja, antes do Sunset (Pôr do Sol), e com o sol alto. Uma hora e meia antes do SS.

Estas minhas transmissões na WebTV mostrando a DX-Expedição também repercutiu na outra metade do mundo que já era dia, ou seja, podiam acompanhar via WebTV (Internet) a estação DX trabalhando nos 160 metros. Em seus Shacks tinham a recepção do DX em tempo real!

Estava provada a possibilidade de QSOs durante o dia nos 160 metros, deixando muita gente espantada. Me incentivaram a fazer esta matéria sobre o assunto pois, não poderia ficar sem esta divulgação.

A matéria está aí. Façam seus juízos, ou melhor, façam as mesmas experiências. O SR e o SS irão lhe trazer alegrias. Mas, muito cuidado com os “Alligator”, não escutam nada e tentam manchar o teu trabalho! Hi.

Abaixo apresento no desenho, o comportamento da onda de rádio, aonde a propagação vem do Continente Africano para o Brasil e há o encontro das duas camadas D e E. Ali acontece a reflexão e refração.

Anexo também um e-mail do PY3DX, que relata a visita em meu Shack em 20 de janeiro de 2002.

Agradeço a todos que me encorajaram a fazer este artigo, principalmente colegas aqui do Brasil.

Um artigo simples, mas que vai despertar mais o estudo da propagação antes de sentarmos na frente do rádio para fazermos DX.

Confesso que me esqueci de falar como consegui trabalhar os 50 Estados americanos – WAS em fonia, SSB, único no Mundo. Também é necessário ver os horários, SS e SR.  Fica para a próxima. Não quero gastar tudo agora.

Obrigado.

             PY3CEJ – Al